quarta-feira, fevereiro 25, 2004

Lá se vai afundando o País...

Ontem estive a conversar sobre a falta de investimento e divulgação do Porto e do Norte. E a pensar sobre como é que se poderia "dar a volta à coisa".
Enquanto não houver uma visão alargada da região Norte, nunca algo será feito.
Vou dar dois exemplos, dos meus preferidos.
1.º - IKEA
A IKEA vai abrir, lá para fins de 2004, em Lisboa (ou lá para aquela zona). Houve alguém com visão que resolveu investir e daqui a uns três ou quatro anos estará reformado...
Não acho mal, mas a verdade é que se o investimento fosse feito aqui no Norte, se a IKEA abrisse na zona de Braga ou de Ponte de Lima, o retorno do investimento seria muito maior.
A IKEA existe em Espanha em Madrid, em Barcelona e, suponho, em Tenerife. E vai gente de todo o lado - até daqui do Porto - à IKEA comprar todo o tipo de bens. Ora, se esta grande superfície abrisse em Braga, ou em Ponte de Lima ou, até, no Porto, conseguiria apanhar todo o mercado da Galiza. Viriam habitantes de La Coruña ao Porto fazer compras porque sempre seria mais perto do que ir a Madrid ou a Barcelona. E claro que também viriam os portugueses do Sul.
Ou seja, o investimento seria igual, mas o mercado maior, mais rico e, principalmente, funcionaria como um motor de dinamização da zona Norte.
Mas não. Lisboa é o centro do mundo e por isso mesmo faz mais sentido fazer lá este tipo de investimento.
E quem irá a Lisboa gastar dinheiro na IKEA? Só os portugueses. Os Espanhóis estarão sempre mais perto de Madrid do que de Lisboa. E, por outro lado, na zona de Badajoz não há ninguém...
Outro exemplo:
2.º - Aeroporto.
O Governo pretende construir um novo aeroporto para servir Lisboa. Que eu saiba, o aeroporto de Lisboa é já bastante grande, mas provavelmente "não chega para as encomendas", pelo que é necessário um maior.
Mas isso é um disparate pegado.
Faria muito mais sentido ampliar verdadeiramente o aeroporto do Porto, torná-lo um grande aeroporto internacional e, mais uma vez, apanhar o mercado Galego. Não há grandes aeroportos na Galiza, e este tipo de investimento teria um retorno enorme. Dinamizaria as companhias aéreas nacionais, ao efectuarem mais vôos de ligação a Vigo e a La Coruña e, por outro lado, também iria garantir uma efectiva e rentável utilização do futuro TGV nacional, através da ligação quer a Lisboa, quer a Vigo/La Coruña.
De facto, se o aeroporto do Porto servisse a Galiza - o que não é descabido de todo - toda a zona do Norte do País sairia a ganhar. E os investimentos feitos na ampliação do aeroporto e na construção do TGV teriam retorno e futuro. E impulsionariam o País.
Mas não. Estamos entregues à macrocefalia lisboeta, o Porto é uma segunda ou terceira cidade, e nem sequer se reconhece qualquer potencialidade à zona norte. Por outro lado, há um enorme medo de Lisboa poder perder protagonismo, poder perder importância internacional.
É pena.
Mas é assim que...
... lá se vai afundando o país.

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